sexta-feira, 29 de outubro de 2010

PARA REFLETIR... QUEM É A(O) AMANTE DA ALMA?

Amantes da alma. Às vezes as pessoas, os amigos mais aproximados me inquirem: Por que este título? E eu fico em uma situação complicada para responder, pois eu sei que buscam em mim falhas. Com a pergunta eles querem saber se eu tenho uma amante, ou seja, um relacionamento extraconjugal, tendo em vista, o fato de saberem que sou casado. Rsrsr, o que eles não sabem, talvez  por não terem coragem de perguntar, é que realmente eu tenho, não um relacionamento extraconjugal, mas sou amante da alma, eu me considero amante da alma por que procuro entender as necessidades e anseios dela, me preocupo com ela se hoje ela quer falar eu estou pronto a ouvi-la e ela certamente quer falar, e  eu certamente como amante dela quero ouvi-la. “na verdade tudo o que a alma deseja é ter atenção”... Rsrsr, se ela está triste por qualquer que seja o motivo eu vou até ela por que sou amante da alma vou dar a atenção que ela precisa é sempre assim, mas no caso deste relacionamento que eu estou tentando explicar não existe contato, pois a alma é algo que não é físico. Agora sei que quando esta reflexão for publicada os mais achegados vão perguntar: E você não estava querendo falar de uma mulher..? E eu vou tentar responder, mais uma vez, só que desta vez com uma diferença, lançando mais questões na curiosidade de cada questionador: Eu sou realmente amante dela e de quem eu sou amante, é claro sou amante da alma.  

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

REFLEXÃO...

Na manhã do dia 27 de outubro de 2010, quando dialogava com uma amiga no corredor do gabinete, inquiri a ela: E ai como você esta? Ela respondeu com um sorriso contagiante, com muito júbilo na face e disse: estou muito bem, felicíssima. Com a reação e a resposta eu posso abranger o quanto é espantoso; como aquele sorriso, associado com a resposta poderá contagiar todo o corredor, todos que ouviram a resposta e puderam ver aquele sorriso forram também alcançados por tal exultação.
Concluindo: “O indivíduo com transtorno bipolar consegue contagiar a todos em sua circunferência quando está no período de euforia (alegria), mas o fato de possuir em seu interior traços depressivos, faz com que ele não esteja satisfeito, ou seja, por mais que ele consiga contagiar a outros, ele nunca contagia a si mesmo.” Dr. Carlos André (Psicanalista clínico).

terça-feira, 26 de outubro de 2010

DEPRESSÃO X TRANSTORNO BIPOLAR...

Na maioria dos casos existe muito conflito, por parte dos leigos no que diz respeito ao diagnostico destas patologias. Na verdade são duas patologias distintas que se familiarizam por estarem arroladas com o humor dos indivíduos: De um lado a depressão, que é distinguida por alterações no humor e pela perda de prazer em atividades antes prazerosas. Na outra mão o transtorno bipolar ou distúrbio bipolar tambem conhecido como transtorno de humor caracterizado pela variação extrema do humor entre uma fase maníaca ou hipomaníaca, hiperatividade e grande imaginação, e uma fase de depressão, inibição, lentidão para conceber e realizar idéias, e ansiedade ou tristeza.
A grande diferença entre estas enfermidades está no fato do transtorno bipolar apresentar uma variação do humor enquanto que a depressão apenas a perda de prazer em atividades antes prazerosas e dependendo do estágio a perda da vontade de viver podendo chegar ate ao suicidio.

 Diagnosticando depressão: Na maioria dos casos existe um engano muito grande em relação a indivíduos depressivos, pois se espera de um indivíduo com depresão que ele esteja choroso, emegrecido ou sem ânimo, na verdade o depressivo tem estes sintomas e muito mais. O DSM IV, manual que descreve e classifica os transtornos mentais, exige que cinco ou mais dos seguintes sintomas se apresentem durante o período de 2 semanas, incluindo sempre o humor deprimido ou a perda de interesse ou prazer para que seja diagnosticado o estado depressivo em um indivíduo, são eles:
  • Humor deprimido na maior parte do dia (em crianças e adolescentes pode ser humor irritável).
  • Prazer e interesse diminuídos por qualquer atividade na maior parte do dia.
  • Perda ou ganho de peso sem estar de dieta, com diminuição ou aumento significativo do apetite.
  • Insônia ou excesso de sono quase todos os dias.
  • Agitação ou retardo psicomotor (Inquietação ou lentidão)
  • Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
  • Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada quase todos os dias.
  • Dificuldade de concentração e capacidade diminuída de pensar; ou indecisão quase todos os dias.
  • Pensamentos de morte recorrentes, ideia de suicídio com ou sem plano específico para cometer suicídio.
Diagnosticando transtorno bipolar ou do humor: Os sintomas variam de cada pessoa, os mais comuns são: Tristeza profunda (angustia, depressão) alternados com enorme alegria chegando a gerar euforia, às vezes dá insegurança, às vezes a pessoa se sente bem segura. A segurança do individuo às vezes chega a tanta que ele pode se achar capaz de pilotar até um avião de guerra e a insegurança fazer ele se achar incapaz de atravessar uma avenida.


TRATAMENTO INDICADO: Em ambos os casos O tratamento costuma associar a utilização de medicamentos (psicotrópicos) e a psicoterapia. Os medicamentos na maioria dos casos são responsáveis pela minimização dos sintomas e o controle da angústia e da euforia. A psicoterapia é um processo conduzido por um profissional especializado que serve como tratamento auxiliar e é caracterizada por atendimentos regulares que auxiliam na elaboração da desesperança, da falta de motivação, da auto-estima diminuída e da tristeza, bem como no controle da euforia.

Dr. Carlos André
Psicanalista Clínico

sábado, 9 de outubro de 2010

O QUE É COMPLEXO DE ELECTRA?

A expressão tem origem no complexo definido por Freud, pai da psicanálise, como complexo de Édipo feminino... Já um dos seguidores de Freud o psiquiatra e fundador da psicologia Carl Jung, optou por cognominar o complexo de Édipo feminino, com sendo, complexo de Electra, fundamentando-se na mitologia grega; que descrevia a historia de certa Electra, que possuía um pai com o nome de agamemnon... Esta Electra induziu o irmão a matar sua mãe para que se vingassem da morte do pai. Tendo em vista um sentimento que ele  experimentava pelo pai. Já Freud rejeitou este termo por enfatizar a analogia da atitude entre os dois sexos.
O que seria na verdade em nossos dias o complexo de Electra ou complexo de Édipo feminino?
Nada mais que um anseio que ocorre com a maioria das crianças do sexo feminino em querer dos seus pais mais zelo do que eles destinam para com as suas respectivas genitoras, suscitando com isso certa, altercação pela atenção do ser masculino que esta em foco. Sendo possível esta criança por ter reprimido seus sentimentos no passado, possam querer, ou manter relacionamentos com indivíduos de idade mais avançadas...

Dr. Carlos André
Psicanalista clínico

terça-feira, 5 de outubro de 2010

EROTOMANIA DA PSICOSE A NEUROSE

 
 
EROTOMANIA.

A erotomania por definição é o delírio de ser amado. Ela difere do delírio de ciúme que, digamos assim, seria o delírio de não ser amado. Segundo Miller, querer ser amada, demandar amor, querer provas e, principalmente, falas de amor é uma característica feminina, uma maneira estritamente feminina de se colocar na relação com seu parceiro sexual. A mulher, por não ter seu gozo todo regulado pela função fálica, teria uma relação com outra satisfação, como formula Lacan, ou seja, o gozo com a fala.
Quando a psicanálise nasceu com Freud, no final do século XVIII, a clínica psiquiátrica clássica já havia nascido há mais ou menos um século atrás, através de duas grandes escolas: a francesa e a alemã.
Em 1793, em plena Revolução Francesa, o alienista francês Philippe Pinel, com seu gesto de libertar os internos do hospital Bicêtre, marcou este início. A sua atitude simbolizou que, a partir daquele momento, o doente mental seria considerado não mais como criminoso, “possuído pelo demônio” ou etc, mas como um doente – um doente da razão. Este gesto de Pinel é bastante simbólico porque marca a passagem da Idade das Trevas ao iluminismo, da desrazão à razão. O doente mental sai das mãos da religião, dos curandeiros, da família, e passa às mãos da ciência.
Já a psiquiatria alemã começou, entre 1800 e 1850, num contexto cultural muito diferente do espírito iluminista francês que é o do romantismo. Enquanto o movimento iluminista pregava o racionalismo, o romantismo alemão “defendia, pelo contrário, o aspecto irracional, o sentimento de contato com a natureza, os valores individuais” – a visão de mundo.
Há, então, um período em que a psiquiatria se desenvolveu sem a existência da psicanálise, mas não demoraria muito para esta despontar no horizonte do fim do século XVIII. Foi do encontro de Freud com o psiquiatra francês Jean-Martin Charcot que a psicanálise passou a ser concebida por Freud. Ele, por ser germânico, estava mergulhado no romantismo alemão, mas também entrou em contato com o espírito das Luzes através de Charcot, na França, no Hospital Salpêtrière.
Esta introdução visa localizar alguns antecedentes da psicanálise na psiquiatria, visto que, quando Freud, e, posteriormente, Lacan, falaram da erotomania, alguns psiquiatras já haviam descrito pontos básicos deste delírio.
Erotomania não é, certamente, o único termo usado na psicanálise, que veio da psiquiatria. Mas, mesmo tendo esta origem, ele não terá o mesmo lugar, nem o mesmo uso na psiquiatria e na psicanálise.
Neste trabalho, não pretendo tratar da passagem da psiquiatria à psicanálise, mas sim da extensão da noção de erotomania do campo da psicose para o campo da neurose. Pretendo abordar a especificidade da erotomania feminina na psicose, e, em que este conceito aplica-se à neurose.


A EROTOMANIA NA PSICOSE.
Antes de ser cognominado de erotomania pelo psiquiatra francês Gaëtan Gatian de Clérambault (1872-1934) este delírio foi batizado por, Jean-Etiénne Esquirol de: Delírio de “monomania erótica” ou “a loucura do amor casto” outro nome foi dado pelo também psiquiatra francês Agustín Benedict Morel que preferiu tão somente chamá-lo de: “Delírio de amor”
A erotomania constitui-se, na verdade, no delírio de ser amado. Antoine Porot, em seu dicionário de psiquiatria, afirma que “as alterações mentais sobre as quais se desenvolve o delírio são diversas, mas quase nunca falta à estrutura paranóica deste, e a instabilidade emocional é constante”.
A síndrome erotomaníaca de Clérambault é formada por um Postulado fundamental e três fases. O Postulado fundamental é a certeza que o sujeito erotômano tem em ser amado pelo objeto. O objeto nunca é uma pessoa qualquer, ele é sempre um homem de nível social elevado, alguém que a pessoa idealiza, tal como um médico, um padre, um escritor, um político, ou até mesmo um objeto inacessível, místico, como um santo, por exemplo.
O postulado fundamental implica numa série de idéias e interpretações delirantes da realidade que surgem de modo súbito, preciso, como um a “amor à primeira vista”. Estas idéias delirantes são uma tentativa de sustentar a própria erotomania: idéias de que há uma colaboração universal a favor daquele amor; interpretações incessantes de fatos atuais e antigos a partir da erotomania; ações em direção ao objeto, incluindo viagens e perseguições. Uma vez que o postulado fundamental se instala, ele vai se assemelhar a um episódio emocional de enamoramento, tanto na emoção que sujeito sente, quanto em suas atitudes de apaixonado. Mas, não é igual, pois diferentemente do que acontece com os apaixonados normais, na erotomania há uma intensidade absolutamente desmedida da paixão, além do fato de ela ser apenas uma ilusão.
As três fases compreendem um período otimista e dois períodos pessimistas. O período otimista é a primeira fase, ou seja, a fase da esperança, quando o sujeito se crê amado de forma convicta, inabalável. É a fase do orgulho.
A segunda fase é a do despeito, quando o sujeito tem pelo objeto, ao mesmo tempo, sentimentos de conciliação e de vingança, baseados em seu orgulho ferido, pelo fato do objeto não estar correspondendo ao que o erotômano espera dele.
E a terceira e última fase é a do rancor, ou da reivindicação, quando o sujeito passa a sentir ódio do objeto e a fazer-lhe falsas acusações e ameaças de vingança, assim como a se sentir ameaçado e perseguido pelo objeto - os dois últimos são os períodos pessimistas.

Segundo o psicanalista François Leguil “o ‘postulado’ pelo qual o sujeito se crê amado e se encontra certo disso, será uma das pedras de toque do ensino clínico sobre as psicoses do psicanalista francês” - aqui, Leguil se refere a Jacques Lacan.
Lacan em sua tese de doutorado analisou sistematicamente um caso clínico, conhecido como Caso “Aimée”. Trata-se de um caso de paranóia, mas com um delírio erotomaníaco bem estruturado: “uma erotomania que tem por objeto o príncipe de Gales”. O nome próprio que Lacan deu a esta paciente já é um índice da erotomania: Aimée em português quer dizer “Amada”. Nesse trabalho ele começa a esboçar a idéia de que, na psicose, a erotomania é uma maneira do sujeito psicótico se haver com a questão do real da sexualidade e do amor.
Em seu artigo “Formulações sobre a causalidade psíquica” de 1946, Lacan, após afirmar que Clérambault foi seu “único mestre na observação de doentes”, descreve a fenomenologia da loucura de Aimée em alguns pontos fundamentais, dos os quais é interessante extrair três aspectos para esta pesquisa: 1) a estrutura paranóica da erotomania na psicose, 2) “uma neutralização da categoria sexual, [...] coerente com o platonismo da erotomania clássica”, 3) a transformação do amor à pessoa idealizada em ódio à mesma.
Assim, a erotomania sempre esteve associada à psicose. Mesmo na psicanálise, Freud quando usou essa noção foi sempre para se referir à psicose. Ele nunca utilizou o termo erotomania para falar de neurose. Ele fala da erotomania no caso Schreber e no artigo sobre Gradiva, de Jensen, quando aborda certa erotomania fetichista que o personagem central do livro nutria pelos pés, pela posição dos pés de Gradiva.
Com Lacan não foi muito diferente, ele também usou o termo erotomania para se referir à psicose, a uma forma específica de laço do psicótico com o Outro.
Foi Jacques–Alain Miller quem estendeu a noção de erotomania normal para a neurose, referindo-se a uma forma feminina de relação com o objeto, uma maneira de amar que é característica das mulheres.

 
A EROTOMANIA NA NEUROSE

Por que usar o termo erotomania na neurose? E como pensar este conceito nesta estrutura?
Lacan, no Seminário 20, Mais, ainda, elabora as fórmulas da sexuação, onde ele define a diferença sexual a partir da proposição de que a relação sexual não existe. Nas fórmulas da sexuação ele coloca que existe o lado masculino e o lado feminino da sexuação, o que “permite articular o gozo próprio a cada sexo”.
No lado masculino, o sujeito é todo inscrito, regulado pela lógica fálica. O que coloca o homem numa relação fetichista com o objeto causa de desejo. O objeto a é o parceiro-sintoma do homem, como o indica a fórmula lacaniana do fantasma: $ ◊ a.
No lado feminino, o sujeito é não-todo comandado pela lógica fálica. O que implica dizer que a mulher, diferentemente do homem, possui uma forma de gozo, uma forma de unir o significante ao corpo, ou de encarnar o significante, que não é toda regulada pelo falo, como o é para o homem. Nesse caso, seu objeto é erotomaníaco, ou seja, a mulher quer um objeto que a ame e que fale com ela - de preferência, dela.
É neste ponto que podemos falar que essa vertente não falicizada da feminilidade leva a mulher a estabelecer uma relação mais além do princípio do prazer com o Outro, ou com seu parceiro-sintoma, forma esta que possui um caráter erotomaníaco. O sintoma é a maneira que um sujeito, homem ou mulher, vai encontrar para se ligar a um parceiro. É o que Jacques-Alain Miller explica, em 1998, da seguinte maneira: “o parceiro-sintoma do homem tem a forma de fetiche, enquanto que o parceiro-sintoma feminino tem a forma erotomaníaca”.
 Temos aqui o lugar da erotomania na neurose proposto por Miller. Ela é o parceiro-sintoma da mulher, na medida em que o gozo feminino passa pelo amor e pela fala, pelas palavras de amor. É a outra satisfação, como apresenta Lacan no Seminário 20, que diz respeito ao gozo com a fala.
Na neurose, a erotomania é sintoma de que algo do gozo da mulher precisa ainda ser nomeado para que ela possa ficar menos devastada na sua relação com um parceiro sexual. Não é qualquer parceiro que pode servir de quarto nó para uma mulher. O quarto nó para uma mulher neurótica não é sem relação com “uma separação a mais [que ela precisa realizar] da posição de objeto suplementar ao gozo feminino da outra mulher, isto é, sua mãe”. Então, se o parceiro-sintoma da mulher é a erotomania, o próprio tratamento da erotomania está relacionado ao parceiro sexual que ela possa encontrar, ou seja, à contingência do encontro amoroso. Parceiro este que, ao amá-la e ao falar com ela, lhe permita ter acesso à “outra satisfação”.
Vou tentar ilustrar através de dois exemplos clínicos o que seria erotomania na psicose e na neurose.

 EROTOMANIA EM UMA MULHER PSICÓTICA.
 
Clérambault descreveu este caso em 1920. Mulher de 53 anos, que vem de uma família desunida, cujo pai era alcoólatra. Ela teve dois relacionamentos em sua vida. O primeiro foi com um amante rico e bem colocado, com quem ela viveu por 18 anos. Ele morre e, imediatamente, ela se liga a outro homem, mais jovem do que ela, com quem ela vive por 4 anos, mas de quem também se separa.

Sua erotomania surge a partir do postulado fundamental, que é o seguinte: “o Rei da Inglaterra está apaixonado por mim”. Essa certeza delirante é verificada por uma série de constatações imaginárias, freqüentes nos casos de erotomania. São elas: algumas pessoas e, principalmente oficiais que ela encontra na rua, são mensageiros do homem amado. Por exemplo, num trem, um oficial era emissário do Rei George V. O Rei cruza seu caminho com disfarces os mais variados. Ela não responde às investidas do Rei porque ela não quer compromisso.
A fase da esperança se manifesta, no caso de Lea, por uma expectativa ardente, por uma felicidade que está prestes a se realizar. Essa espera é absolutamente sem fundamento na realidade. O Rei nunca chegava aos encontros marcados. Com as ausências e os desencontros com Sua Majestade, ela começa a se perguntar se não teria se enganado. O que a leva a segunda fase, a do despeito, que serve para explicar a atitude do Rei em não comparecer aos encontros: “O Rei pode ter ódio dela, mas ele não saberia esquecê-la, ele não seria indiferente a ela”. Depois desta fase, vem a fase do rancor, quando o ódio aparece na forma de perseguições do Rei a ela. O Rei retira objetos dela no hotel. Ele quer empobrecê-la. E ela inclusive se pergunta se não está internada por ordem do Rei.
 
EROTOMANIA EM UMA MULHER NEURÓTICA.

Uma pequena observação sobre um caso, a guisa de ilustração do que foi escrito. Uma mulher de 30 anos, Maria, casada com o homem com quem ela sempre quis se casar. O marido era seu “ideal de homem”. Eles tiveram filhos. Ambos eram bem sucedidos profissionalmente. Viviam muito bem. Até que ela conheceu um outro homem no ambiente de trabalho, com quem começou a ter freqüentes e longas conversas. Ele falava com ela. O fato de ele falar com ela fizeram com que, ela acredita-se que ele a amava. Ele falava tanto com ela, que ela começou a crer que ele a amava. Isto foi o suficiente para fazê-la pensar cada vez mais nesse amor imaginário levando-a a questionar seu relacionamento, até então, tão consistente e aceitável.

CONCLUSÃO.
No caso de Lea, o embaraço sexual, a inexistência da relação sexual, é real, como o é para qualquer sujeito. Mas, nesse caso de psicose feminina, a erotomania surge como um modo de localizar o gozo, depois que ele, aparentemente, se deslocalizou com a perda de seus dois parceiros. A erotomania de Lea serve como suplência para a falta de identificação sexual. Para ela, ser erotômana é igual a ser mulher, visto que ela não tem nenhuma outra forma de identificação, de ancoragem no laço com o outro, e, menos ainda, no laço social. Por exemplo: ela não teve filhos, não trabalha, não é artista, não tem nenhuma outra forma de suplência.

Poderíamos dizer que, segundo Lacan no Seminário 23, a erotomania de Lea vem consertar o nó em outro lugar em que se deu a falha. Esta é uma das especificidades da erotomania na psicose: a falha é sexual, mas o conserto não se dá pela via da sexualidade, mas pela relação com o duplo, mesmo que este duplo esteja referido a um delírio erotomaníaco.
A erotomania na psicose, não é necessariamente platônica, mas como nos diz Clérambault: “as exigências sexuais são freqüentemente bem menos marcadas nos sujeitos erotômanos do que no homem são. Existe para isso uma razão profunda: é que o amor não é a fonte principal do delírio erotomaníaco; a fonte principal é o orgulho. O amor é apenas a fonte acessória. Orgulho sexual, certamente, mas orgulho principalmente”.
Já no caso de Maria, a erotomania é sintoma de que algo do seu gozo precisa ainda ser nomeado para que ela possa ficar menos devastada na sua relação com um parceiro sexual. Não é qualquer parceiro que pode servir de quarto nó para uma mulher. E o quarto nó para uma mulher neurótica não é sem relação com “uma separação a mais [que ela precisa realizar] da posição de objeto suplementar ao gozo feminino da outra mulher, isto é, sua mãe”.
Dr. Carlos André

O QUE É UMA NEUROSE?

 
O termo neurose foi criado pelo médico escocês wiliam cullen em 1769 para indicar o que ele chamou de desordem de sentidos e movimentos causadas por descontroles gerais do sistema nervoso. Nos dias de hoje, chamada de psiconeuroses ou distúrbio neurótico e se refere a qualquer desordem mental que, embora cause tensão, não interfere com o pensamento racional ou com a capacidade funcional da pessoa. essa é uma diferença importante em relação à psicose que, trata-se de uma desordem mais severa.
A palavra deriva de duas palavras gregas: neuron (nervo) e osis (condição doente ou anormal).
Freud, definiu uma neurose como: Afecção psicogênica em que os sintomas são a expressão simbólica de um conflito psíquico que tem raízes na história infantil do sujeito e constitui compromissos entre o desejo e a defesa.
em 1926, ou seja , mas de 30 anos após ter feito da neurose uma afcção autônoma ao lado da histeria, Freud continuava a considerá-la "sem nenhuma dúvida, o objeto mas fecundo e mais interessante da pesquisa analítica". 
A neurose, na teoria psicanalítica, é uma estratégia ineficaz para lidar com sucesso com algo, o que Sigmund Freud propôs ser causado por emoções de uma experiência passada causando um forte sentimento que dificulta reação ou interferindo na experiência presente. Por exemplo: alguém que foi atacado por um cachorro quando criança pode ter fobia ou um medo intenso de cachorros. Porém, ele reconheceu que algumas fobias são simbólicas e expressam um medo reprimido.
 
Neurose é uma doença emocional, afetiva e de personalidade e acontece quando o sistema nervoso de uma pessoa reage com exagero a uma determinada experiência já vivida. Uma pessoa neurótica passa a ter reações e comportamentos diferentes: fica muito ansiosa, evita sair de casa para ir a determinados lugares, tem medo de certas situações, imagina situações que pode fazer mal, ficam deprimidos mais constantemente, são mais preocupados... enfim, uma pessoa neurótica sente tudo o que uma pessoa normal sente no seu dia-a-dia mas sempre exageradamente. Em geral uma pessoa neurótica sabe do seu problema, sofre com isso mas se sente incapaz de solucioná-lo.
 
Há muitas formas específicas de neurose: Neurose atual, Neurose de abandono, Neurose de angústia, Neurose de carater, Neurose de destino, entre outras. 

Dr. Carlos André


sábado, 2 de outubro de 2010

OBJETIVO DESTE BLOG

Desenvolvido para que todos os interesados no tema: alma, possam ter um espaço especifico para tirar suas duvidas...Aguardem as postagens...