segunda-feira, 7 de março de 2011

SUPERVISÃO ANALÍTICA E SUA IMPORTÂNCIA

Pai da Psicanálise: Freud
A quem afirme que a supervisão é a mais importante ferramenta de ensino na formação de um psicanalista. É através dela que se dá a integração dos conhecimentos teóricos e técnicos e a introjeção de um modelo de trabalho, formando a identidade profissional. Entretanto, apesar da complexidade do processo de supervisão, esta vem sendo exercida de maneira intuitiva ou como fruto de um aprendizado por identificação; tradicionalmente aprende-se a supervisionar sendo supervisionado e supervisionando. Cabe mencionar que, em que pese à escassez de literatura específica, existem importantes estudos sobre a teoria, a técnica e as vicissitudes da supervisão, de forma que a complexidade do processo vem sendo progressivamente evidenciada. Vários autores já destacaram a importância da supervisão no processo de ensino-aprendizado da técnica psicanalítica: Fleming e Benedeck, Grinberg, Solnit, Gaoni, Neumann, Eizirik, Szecsödy, Mabilde, Soares, Vollmer e Bernardi, Brito, Zaslavsky. Cataldo Neto observou que 88,5% dos psiquiatras formados na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) em duas décadas realizam ou realizaram supervisão durante uma média de seis anos, evidenciando a importância dessa atividade no treinamento e no desenvolvimento de habilidades psicoterápicas. Assim, considerando-se a importância da supervisão, a carência de literatura e a inexistência de cursos para a formação de supervisores e, ainda, o conhecimento adquirido sobre supervisão em nosso meio, a idéia é oportunizar o acesso a uma formação estruturada que instrumentalize no manejo dessa fundamental ferramenta na formação do psicanalista. O objetivo é propiciar que a supervisão possa ser realizada de forma teoricamente embasada e tecnicamente consistente.

O MÉTODO

O método da supervisão constitui um dos modelos mais antigos de ensinar e aprender um ofício, uma técnica ou uma profissão e, desde muito cedo, foi incorporado ao ensino da psicanálise, mesmo que de modo informal, sendo, posteriormente, incorporado também ao ensino da psicoterapia psicanalítica (Brito, 1999; Schestatsky, 1991). Ribeiro e Wierman (2004) salientam que, na década de 20, a supervisão foi integrada como um dos componentes da formação analítica no Instituto de Berlim, juntamente com a análise didática e o corpo teórico, constituindo, até hoje, um procedimento reconhecido da educação psicanalítica. Assim, a supervisão é um dos três pilares básicos de toda a formação de um psicanalista clinico ou psicoterapeuta, sendo considerado um dos elementos essenciais na transmissão da psicanálise. As outras etapas são o aprendizado teórico e o processo analítico ou psicoterapêutico Configurando-se em um espaço de ensino-aprendizagem e sendo uma relação bi pessoal, a supervisão acaba despertando sentimentos tanto no supervisor como no supervisionando caracterizando uma relação primordialmente humana, sujeita às comunicações conscientes e inconscientes (Ribeiro & Wierman, 2004). Fuks (2002) salienta a necessidade e pertinência da supervisão, posto que o trabalho analítico se caracterize pela solidão, e a análise pessoal, isoladamente, não conseguiria dar conta desta necessidade de intercâmbio entre o psicoterapeuta iniciante e um colega mais experiente.

FINALIDADE DA SUPERVISÃO

Existem varias finalidades que justificam a necessidade da supervisão, uma delas é fornecer meios para que o analista desenvolva sua habilidade até o ponto em que possa, efetivamente, ajudar os seus pacientes com as mesmas técnicas básicas adquiridas durante a supervisão, variando-as conforme as necessidades de cada um. Um dos principais objetivos da supervisão seria conseguir que o estudante adquirisse os conhecimentos e a destreza necessários para desempenhar o mais adequadamente possível sua função como terapeuta. A supervisão de psicoterapia também provê o aluno de feedback sobre sua performance, oferecendo-lhe possibilidades de rumos a seguir quando se encontra em confusão ou precisando de auxílio, permitindo-lhe a oportunidade de adquirir visões alternativas quanto à perspectiva dinâmica do paciente, intervenções e tratamento, e estimulando a curiosidade. Assim, contribui para o processo de formação da identidade terapêutica e serve de porto seguro para os supervisionados, ao acompanhar sua aprendizagem e desempenho.




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