quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

AS MUITAS VERDADES SOBRE HOMOSSEXUALIDADE

      Antigamente, acreditava-se que todo ser humano deveria ser heterossexual e que a homossexualidade, bem como a bissexualidade eram doenças. Isto durou muito tempo. Em 1970, foram realizados inúmeros experimentos científicos para comprovar esta tese, até então, apontadas como doença, o que os cientistas queriam com a pesquisa era descobrir se era ou não uma doença. Através desses experimentos ficou comprovado que a homossexualidade sempre existiu desde o início da humanidade, deixando com isso de ser considerada como uma doença.
      A orientação sexual não-heterossexual foi removida da lista de doenças mentais nos EUA em 1973; e do CID 10 (Classificação Internacional de Doenças) editado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), só em 1993. Os transtornos de identidade de gênero que englobam Travestis e Transexuais permanecem classificadas na CID-10 considerando que, nesses casos, terapias hormonais e/ou cirurgia de redesignação de sexo são, algumas vezes, indicadas pela medicina.
      Orientação sexual é o nome dado à atração sexual que um indivíduo sente por outro, independente do sexo que esse possui, podendo ser: assexual quando não sente atração sexual por nenhum gênero (sexo feminino ou masculino), bissexual quando sente atração pelos dois gêneros, heterossexual quando sente atração somente pelo gênero oposto, homossexual quando sente atração por indivíduos do mesmo gênero e pansexual quando sente atração por diferentes gêneros. Alguns indivíduos que se dizem pansexuais chegam a afirmar que gênero, sexo e espécie não têm importância para eles. São mais conhecidos como travestis e transsexuais, por não aceitarem o seu gênero biológico. 
      É importante ressaltar que o desígnio desta não é fazer apologia a nenhum tipo de orientação sexual, mas sim à preservação dos direitos humanos, daqueles que já estão com suas identidades construídas, e ao mesmo que trazer para pais e responsáveis as teorias psicanalíticas que apontam as prováveis causas, que levam adolescentes, jovens e adultos a esta orientação sexual, com intuito de reduzir os traumas e transtornos causados aos indivíduos que estão envolvidos direta ou indiretamente neste contexto.
O QUE DIZ AS RELIGIÕES SOBRE ESTE ASSUNTO?
      A complexidade deste assunto aparece também em observação no que diz as religiões, não existe um consenso de opiniões entre elas. Vejamos o que diz algumas das mais atuantes em nosso país.
Espiritismo.
      Não há um consenso entre as lideranças espíritas sobre a origem e como interpretar eticamente a conduta homossexual, oscilando entre a interpretação caridosa do “karma” da homossexualidade e transexualidade, à condenação bíblica.
Candomblé.
      Afirma que são tolerantes em relação ao homossexualismo porque são opções individuais e não compete às religiões condenar ou estigmatizar, mas tão somente orientar os seus fiéis no que diz respeito aos aspectos, religiosos e morais.
Evangélicos / Protestantismo.  
      Nos últimos anos, lideranças de diferentes igrejas evangélicas têm assumido discurso e postura cada vez mais homofóbica, fundando grupos e realizando congressos destinados à “cura” de homossexuais, inclusive contando com o apoio de psicanalistas, psicólogos e até parlamentares. Pouquíssimos ainda são no Brasil os ministros reformados que ousam defender a dignidade do amor entre iguais.
Há um pequeno grupo de protestantes no Brasil que toleram e aceitam a união homossexual.
Católica apostólica romana.
      A Igreja Católica capitaneou a perseguição aos “sodomitas” através do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição (1536-1821), prendendo, seqüestrando os bens, açoitando, degredando e queimando na fogueira os mais escandalosos e “incorrigíveis”.   
   O QUE DIZ A CIÊNCIA SOBRE ESTE ASSUNTO?
      Alguns pesquisadores tentam explicar a questão da homossexualidade através da genética, mas sem muito sucesso até aqui. É como se existisse uma disputa na área cientifica sobre este assunto, pois quando um cientista tenta provar outro trata de contradizer.
      A pesquisa genética propriamente dita ganhou as páginas de todo o mundo em 1993. Naquele ano um artigo na prestigiada revista "Science" trazia os resultados do estudo feito pelo americano Dean Hammer com 114 famílias de homossexuais. Hammer afirmava com "99,5% de certeza" haver encontrado indícios da existência de um ou mais genes ligados à orientação sexual na região q28 do cromossomo X (ou Xq28). Um segundo estudo, realizado pelo mesmo grupo dois anos depois, chegou a resultados semelhantes, fortalecendo com isso a probabilidade de ter chagado a uma grande descoberta na área.
      Não durou muito e a controvérsia científica logo emergiu. Em 1999 o canadense George Rice examinou amostras genéticas de 52 duplas de irmãos gays e disse não ter encontrado sinais de que algum gene do Xq28 pudesse desempenhar qualquer papel relevante na orientação sexual. Essa guinada forneceu munição pesada para os céticos, que procuraram desmoralizar totalmente o trabalho de Hammer. O americano tentou argumentar que havia diferenças metodológicas importantes entre os dois estudos (como a forma pouco criteriosa pela qual o grupo canadense decidia quem era homossexual ou não), mas o estrago junto à opinião pública já estava feito. Hammer mudou de área e foi estudar a genética da religião.
      Podemos concluir com essas afirmações que existem dois grupos científicos distintos, o grupo que acredita na possibilidade de ser de ordem genética e o que não acredita. Trazendo com isso discórdia e incerteza mostrando que este tema ainda vai ser discutido por muitos anos antes de adquirir afirmações que tenham apoio da maioria.
     O QUE DIZ: PSICANÁLISE E A PSICOLOGIA SOBRE...
      Contrários às argumentações apenas biogenéticas sobre as causas da homossexualidade, estão psicanalistas e psicólogos. Sem negar que incontáveis características humanas (tendências de desenvolver algumas doenças, por exemplo) têm base genética, consideram, todavia, a percepção da homossexualidade como um traço apenas geneticamente determinado incorreta, buscando antes explicações associadas ao meio e à educação dos indivíduos.
      Dr. Daryl Bem, psicólogo da Universidade de Cornell, nos EUA, desenvolve pesquisas sobre a importância da formação intra-familiar na pessoa homossexual. Uma nova geração de psicólogos americanos, tais como Judith Harris, tende a valorizar as relações interpessoais (com vizinhos, colegas da escola, colegas da rua...) como os fatores mais fortes no desenvolvimento e estruturação da personalidade, e dentro desta, na definição da orientação sexual de cada um.
      Há quatro teorias inspiradas em Sigmund Freud (pai da psicanálise) que podem explicar a homossexualidade: a primeira seria resultado de um complexo de Édipo resultante da percepção pela criança de que sua mãe é "castrada" sexualmente. Essa percepção induziria a criança a uma grande tensão, fazendo-o a ver sua mãe como uma mulher com pênis; a segunda teoria seria explicada através de uma grande identidade do filho com sua mãe. Nessa teoria, segundo instintos narcisistas, o menino tentaria se espelhar no modelo da sua mãe, assumindo os mesmos gostos, levando-o amar outros homens como sua mãe o ama; a terceira teoria seria explicada por uma inversão do complexo de Édipo, onde o menino busca o amor de seu pai, representado pela sua identidade masculina, buscando e assumindo uma identidade feminina; a quarta teoria seria explicada por uma reação de formação: ciúmes e inveja sádicos em relação ao pai e irmãos poderiam levar a um comportamento contrario ao natural.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
      A conclusão deste assunto esta longe de ser alcançada, pois a igreja e a ciência, que são instituições constituídas pela própria sociedade, ainda que de uma forma inconsciente, serve como base para dirimir e estabelecer padrões em relação ao que é certo ou errado no seio da comunidade, ainda não chegou a um denominador.  Apartir daí surgem às dissensões até mesmo dentro de uma mesma denominação religiosa, existem cisões, quando não é na teoria é verdadeiramente na pratica, exemplo: A teoria diz que é condenável tal ato, mas na pratica não funciona desta forma, pois os mesmos que dizem ser digno de condenação os que tais coisas praticam acabam por se envolver em escândalos desta natureza. Partindo para o lado da ciência encontramos muito desacordo, pois existem cientistas que acreditam ser um problema de ordem genética, e luta por provar esta tese, outra gama discorda acreditando apenas em uma teoria que afirma ser de ordem comportamental, influenciado pelo meio e as circunstâncias que o indivíduo é submetido e enfrenta no decorrer dos primeiros anos de vida.
      O que fazer quando os maiores formadores de opiniões não se entendem? Certamente vai ficar a critério de cada comunidade, família e pessoa. Uma coisa é correta ser afirmada, como diz um famoso axioma popular: “Muita água ainda vai rolar em baixo desta ponte”. Resta a cada indivíduo interessado neste assunto se aprofundar, mantendo-se sempre bem informado, pois o “problema” pode surgir dentro de sua casa. 
VOTE NA ENQUETE NA BARRA LATERAL: VOCÊ É A FAVOR DO CASAMENTO ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO?

PSICANÁLISE A CIÊNCIA QUE CUIDA DA ALMA

O QUE É PSICANÁLISE?
Psicanálise é a ciência do inconsciente que foi fundada por Sigmund Freud (1856-1939). Um método de investigação, que consiste essencialmente em evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de um sujeito.

FREUD (1920)


São sistematizados os dados introduzidos pelo método psicanalítico de investigação e de tratamento. A aceitação de processos psíquicos inconscientes, este método baseia-se principalmente nas associações livres do sujeito, que são a garantia da validade da interpretação. A interpretação psicanalítica pode estender-se a produções humanas para as quais não se dispõe de associações livres. A psicanálise é um método psicoterápico baseado nesta investigação e especificado pela interpretação controlada da resistência, da transferência e do desejo. O emprego da psicanálise como sinônimo de tratamento psicanalítico está ligado a este sentido; exemplo: começar uma análise.

A psicanálise é um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que; reconhecimento da doutrina da resistência e do recalcamento e a consideração da sexualidade e do complexo de Édipo são os conteúdos principais da psicanálise e os fundamentos de sua teoria, e quem não estiver em condições de subscrever todos não deve figurar entre os psicanalistas.

A PSICANÁLISE E O DIVÂ.


Divã utilizado por Freud

A  Psicanálise, como toda ciência que se preza, tem suas peculiaridades e diferenças. Uma das grandes diferenças entre a psicanálise e demais psicoterapias é o uso do divã.
Freud instituiu o uso do divã nesta terapia com o intuito de levar os  seus pacientes a um relaxamento total das faculdades do corpo físico. 

Divâ utilizado em nosso consultório




Nos dias de hoje não tem sido diferente. o divã continua sendo utilizado para produzir em todos os pacientes um relaxamento maior. atravez do divã o psicanalista coleta material para interpretações futuras.
Quando eu conheci o divã, fui logo em direção a ele com o intuito de me sentar, pois ele parece um sofá convencional, ou até mesmo deitar. Quem não gosta de dar uma deitadinha em um belo sofá. A partir dai descobri que o divã é coisa muito séria, que a psicanálise começa verdadeiramente quando estamos deitado nele.



 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

MITOS E VERDADES SOBRE HOMOSSEXUALIDADE




A homossexualidade é uma escolha. “MITO”
      Ninguém escolhe ter homossexualidade. O desejo emocional e sexual por pessoas do mesmo sexo ou do oposto surge de uma gama de fatores no decorrer da infância de cada indivíduo. Vários fatores levam os indivíduos ao heterossexualismo ou ao homossexualismo. O que as pessoas podem escolher é se irão ou não ter comportamentos homossexuais.

Homossexuais são pessoas que gostariam de trocar de sexo. “MITO”
      Só os pansexuais, também conhecido como travestis e transexuais, têm desejo de trocar de sexo, geralmente os homossexuais não têm este tipo de problemas com o seu próprio corpo.
Homossexuais são pessoas angustiadas e infelizes. “VERDADE”
      Pois a maior dificuldade que o homossexual enfrenta é a auto-aceitação da sua orientação sexual. Normalmente ele cresce com muito medo de que seu "segredo" seja descoberto, fica angustiado por não saber exatamente o motivo da sua "diferença" e culpado por sentir desejos considerados "não naturais". Após aceitação desta “diferença”, angustia e infelicidade passa dando lugar a vidas normais.

Todos os homossexuais masculinos têm trejeitos femininos e vice-versa. “MITO”
      De forma alguma. O que caracteriza a orientação sexual é a presença da atração por pessoas do mesmo sexo, e só isso. No mais, homossexuais, masculinos e femininos, variam tanto quanto os heterossexuais. Podendo ou não ter trejeitos do sexo oposto.

Homossexualidade não é o mesmo que homossexualismo. “VERDADE”
      Homossexualidade é uma variação da sexualidade humana e homossexualismo é um comportamento definido por relacionamento sexual entre indivíduos do mesmo sexo.

Homossexualismo é contagioso. “MITO”
      Não, pois se é definido como um comportamento de um indivíduo, não tem como ser transmissível.

Dr. Carlos André
PSICANALISTA

domingo, 5 de dezembro de 2010

REGRESSÃO: O MISTÉRIO DE OUTRAS VIDAS, VOCÊ ACREDITA?

O assunto é um tanto polêmico tendo em vista, a diversidade de opiniões, tanto dentro das variadas denominações religiões bem como, por parte das correntes científicas... Um colega psicanalista me questionou: por que você vai escrever sobre este assunto tão polemico? E eu prontamente respondi: por que não pretendo formalizar opinião, trazendo mais contradições; pretendo apenas expor o que já está escrito e opinado sobre o assunto, para que cada leitor possa tomar sua direção livremente sem preconceito religioso ou ateísmo cientifico.

A posição religiosa é muito divergente, tendo muitas denominações que rejeitam e outras que aceitam. A posição cientifica, deixa a duvidar em alguns quesitos devido às muitas correntes de opiniões.
Nos primórdios do cristianismo a idéia das existências sucessivas ou reencarnação, talvez de forma não muito clara, era aceita, e chegou a ser ensinada por alguns “pais da Igreja” como Orígenes, Plotino e Clemente de Alexandria. Até mesmo Santo Agostinho, em (Confissões, I, cap. VI), escreveu: “Não teria eu vivido em outro corpo, ou em outra parte qualquer, antes de entrar para o ventre de minha mãe?”
Já a ciência entra em certas contradições por se apegar naquilo que é palpável, ao mesmo tempo em que abre campo na área da parapsicologia para estudar alguns fenômenos até então inaceitáveis.
Pessoalmente eu fico com a teoria e a técnica psicanalítica sobre regressão. Em psicanálise quando se utiliza da palavra regressão, segundo Freud tem três tipos: a tópica no sentido de esquema do aparelho psíquico; a temporal, em que são retomadas formações psíquicas mais antigas; a formal, quando os modos de expressão habituais são substituídos por modos primitivos. Por sua vez, alguns adeptos da hipnose como terapia falam de regressão a fases infantis precoces ou até a outras vidas, em transe profundo. O que não se deve esquecer é que a teoria de vidas passadas esta relacionada com crenças religiosas. Segundo algumas religiões, em transe profundo a pessoa libera capacidade de entrar em contato com aquela vida em que acredita ter existido, independentemente do psicanalista ou do hipnotizador.  Este, aliás, nem precisa conhecer das religiões cujos adeptos acreditam na reencarnação, nem ser praticante de nenhuma delas. É bom saber que esta regressão nem sempre acontece.  Para o psicanalista, isto depende do estado do paciente.  Para o paciente, ele deve saber que a teoria religiosa diz que para o individuo que está na primeira encarnação não há vidas passadas.  A teoria diz também que até para aquele que teria vidas passadas a regressão nem sempre acontece qualquer que seja a técnica usada para realizá-la.
Em psicanálise, a regressão a infância precoce, a “regressão a vidas passadas” devem levar o paciente a acessar seu inconsciente e encontrar solução aos problemas de suas neuroses. Os fatos das “vidas passadas” podem ser interpretados com técnicas semelhantes àquelas usadas para a regressão a vida infantil. É posivel afirma em psicanalise que a vida passada é apenas a realidade psíquica do paciente. É possivel que o paciente encontre em suas “vidas passadas” inconscientemente a compensação de suas carencias atuais, no fato de existirem tantos generais e tantas princesas, e tantos homens e mulheres ricos, desta forma  a interpretação psicanalitica dos contatos com outras vidas será produto do inconsciente trazendo para cada individuo a compensação que cada um precisa. Ainda que a crença de alguns seja que exista mesmo varias vidas e a reencarnação  faça com que cada individuo possa reviver em outra vida nesta terra.
É possivel afirmar que em psicanalise a regressão é a rememoração de fatos e conteúdos psíquicos do próprio paciente. Como método terapêutico, a regressão utiliza ferramentas como o relaxamento profundo, a visualização criativa e a hipnose, visando que o paciente se recorde de eventos ocorridos na infância, na vida intra-uterina e antes do nascimento. Quando as causas são buscadas em outras vidas, denomina-se Terapia de Vidas Passadas.

Na T.V.P. o terapeuta atua de forma semelhante à dos primeiros trabalhos de Breuer e Freud, ou seja, com a hipnose induzida e a sugestão para que determinados acontecimentos sejam recordados, levando o paciente a abrir janelas de seu inconsciente e permitindo que cargas emocionais traumáticas esquecidas venham à tona por meio da catarse.
A pergunta aqui agora é para você caro leitor: Você acredita em vidas passadas? Vote na enquete na barra lateral...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

UMA CRITICA: CASO DAS MENINAS-LOBO, AMALA E KAMALA.

Segundo a história o Reverendo Singh, depois de ter ouvido um boato que circulava entre os camponeses de Midnapore, chegou a um determinado local na região citada da Índia, e de um posto de observação montado em cima de uma árvore pode constatar ao cair da noite, na frente de uma grande caverna, uma família de lobos que saiam um seguido dos outros, primeiro a mãe e depois seus filhotes, o reverendo averiguou que existiam dois seres humanos no meio daquela família de lobos, ainda que eles se comportassem como os lobos, eram seres humanos. Após massacrar a família de lobo, as crianças foram resgatadas (?).
Com a idéia de resgate surge uma pergunta: resgatar de quem? Pois, eles eram como família e certamente a mãe lobo não as tinha como pressa e sim como membros de uma família e provavelmente quem abandonou as crianças abandonou uma e depois de alguns anos abandonou a outra, e certamente abdicou da segunda criança depois de ter confirmado que os lobos se “saíram bem na criação da primeira”. (Afirmo isso devido à diferença de idades entre as crianças.)
Com este caso podemos compreender a capacidade de adaptação dos seres humanos em seus primeiros meses de vida.
O caso das crianças lobo serve para ilustrar a afirmação de que apenas a composição biológica do indivíduo não lhe assegura a condição suficiente para se tornar humano. Quando Amala foi encontrada tinha apenas um ano de idade e veio a morrer logo depois de ter sido retirada do seu convívio, um ano mais tarde, o que nos dá a entender que não conseguiu se readaptar ao convívio social. A outra, Kamala, de oito anos de idade, conseguiu viver um tempo maior no meio dos seres humanos, justamente pela capacidade de adaptar-se do individuo. Viveu até 1929. Em relação a sua evolução, foi significativa, porém limitada. Ela conseguiu aprender a caminhar só com as pernas e mudar de hábitos alimentares, aprendeu muitas palavras e sabia usá-las, embora nunca tenha chegado a falar com fluência. Apesar dos progressos de Kamala, a família do missionário anglicano que cuidou dela, bem como outras pessoas que a conheceram intimamente, nunca sentiu que fosse verdadeiramente humana.
O que alguns indivíduos não aceitam é que sem o convívio, sem interações sociais das quais toda criança deve participar, simplesmente não há humanidade.
Um bebê sem outros humanos é algo tão impensável como peixes sem água, como uma planta sem terra nem sol. Logo, dependemos da vida em sociedade, como dependemos do ar. Sem um convívio social não há socialização, não há indivíduo.
Com este caso podemos compreender em que medida as características humanas dependem do convívio social. Por terem sido privadas do contato com outras pessoas, não conseguiram se humanizar; não aprenderam a se comunicar através da fala, não foram ensinadas a usar determinados utensílios, não desenvolveram processos de pensamento lógico.
A convivência social é fator muito importante na construção social do indivíduo e parte do que somos depende deste convívio.  Vários pensadores e educadores relatam sobre a influência do meio em que o individuo habita.
É correto afirmar que para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e operacionais existem idades-chave. São as idades em que o conhecimento é incorporado e passa a moldar o comportamento social. Estas habilidades vão sendo desenvolvidas, aperfeiçoadas e favorecem a aquisição de novas habilidades. Assim, por exemplo, existe um momento mais adequado para aprender a tocar um instrumento, a falar uma língua estrangeira, a desenvolver um trabalho manual. É com base nesta teoria que posso afirmar o que faltou para todas estas crianças que foram privadas das mínimas condições de interação com as demais pessoas e por isso ficaram tão prejudicadas pelo resto de suas vidas. Por este motivo é correto dizer que, uma criança que convive com um educador lacônico, vai ter maior dificuldade para começar a falar do que outra que vive junto a um falante, que se comunica melhor.
As meninas passaram por um processo duro e penoso de socialização em um orfanato mantido pelo rev. Singh, processo este que as levou a morte.

O caso das meninas-lobo, Amala E Kamala ocorrido em 1920 na Índia nos serve, nos dias de hoje como exemplo de reflexão. Quem são os animais racionais e os irracionais nesta história?

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

HIPNOTERAPIA: MITOS E VERDADES SOBRE HIPNOSE...

"Divâ utilizado por Freud"

CONCEITO DE HIPNOSE.
Hipnose – [do grego hypnos+ose] Estado alterado de consciência e percepção, de profundo relaxamento, no qual o consciente e o inconsciente podem ser focalizados por ficarem mais receptivos à sugestão terapêutica. A hipnose é um estado de estreitamento de consciência, provocado artificialmente, que geralmente (mas nem sempre) se parece com o sono, porém fisiologicamente dele se distingue, e que se caracteriza pelo aparecimento espontâneo (ou em resposta a um estímulo verbal, ou a outro qualquer) de uma variedade de fenômenos que incluem: 1- alteração da atenção; 2- alteração da memória; 3- aumento da sugestionabilidade; 4- produção no paciente de idéias e respostas diferentes daquelas do seu estado mental normal; 5- alterações motoras e sensoriais.
"Divâ do Imahp"

                    MITOS SOBRE HIPNOSE.  
Perda da consciência.
Um dos maiores mitos sobre hipnose é que você perderá a consciência. A hipnose é um estado alterado de consciência, (você muda da consciência de vigília para a consciência hipnótica), porém não se perde a consciência. Você ficará ciente de tudo em cada momento e ouvirá tudo que o hipnólogo estiver dizendo. Consciência de vigília é quando você está alerta para o que acontece ao seu redor, consciência hipnótica é quando você se volta para o seu próprio interior.
Enfraquece a vontade.
A sua vontade não se enfraquecerá ou mudará de forma alguma. Você está no controle e, se desejar por qualquer razão sair do estado hipnótico, pode fazer isso simplesmente abrindo os olhos. Você não pode ser forçado a fazer nada contra a sua vontade. Os hipnotistas de palco gostam que a platéia acredite que eles têm o controle absoluto sobre os seus sujeitos. Por sua vez o profissional deixa claro que o paciente tem o controle.
Fala espontânea.
O paciente não começa, espontaneamente, a falar ou revelar informações que gostaria de manter em segredo. Você pode falar durante a hipnose e seu hipnólogo pode querer usar uma técnica que inclui conversa para ajudá-lo em seu problema.
Acaba-se dormindo.
A hipnose não é igual ao sono. Você não vai dormir. O padrão do eletro encefalograma durante a hipnose é diferente do padrão do eletro encefalograma durante o sono.
COMO A HIPNOTERAPIA PODE REVERTER O QUADRO DA ANSIEDADE?
O hipnoterapeuta, ou hipnólogo como o queiram chamar, toma conhecimento dos detalhes da história muito mais rápido, devido ao estado de transe hipnótico em que o paciente foi submetido, do que em um processo de terapia tradicional, podendo com isso identificar com relativa facilidade as razões principais para o seu estado de ansiedade.
A partir daí o processo de tratamento vai depender do terapeuta, mas já com pleno conhecimento da realidade do paciente e podendo escolher sua linha de ação com muito mais facilidade.
Estudos sobre o assunto têm sido efetuados desde a mais remota antigüidade e a constatação de reversão do quadro emocional da ansiedade é evidente desde os tempos de Aristóteles.
No Egito de cinco mil anos atrás os famosos templos do sono eram os locais onde os pacientes eram submetidos a passes hipnóticos muito semelhantes aos dos centros espíritas de hoje.



segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A VERDADEIRA AMIZADE...

Perdoem-me os que não abarcarem as minhas colocações, não tenho desígnio de ultrajar ninguém, mas é que às vezes me ponho a argüir alguns indivíduos que eu conheço e ouço deles a seguinte afirmação: existem vários tipos de amigos.
Ajuízam que amigos são como peças de roupa que para cada conjuntura vai ao roupeiro e pega, utiliza-se daqui acha mais conveniente depois guarda, pensando em utilizar de novo em outra ocasião semelhante. Pensa que existe um amigo para cada situação que por ventura passem na vida, para cada dificuldade ou momento.
A verdadeira amizade para mim não é assim, eu alegro-me nos poucos amigos e amigas que tenho, sejam virtuais ou reais. Pessoas que às vezes estão bem distantes, outros que às vezes bem perto, mas em todas as circunstancias estão presentes. Os que estão perto participam do churrasco feito com tijolos de construção no quintal, ai eu fico inquirindo como seria se ele (a) o amigo distante; o amigo (a) virtual estivesse aqui? Há, certamente seria bom, daríamos muitas gargalhadas. No momento de dificuldade eu torno a lembrar: se ele (a) estivesse aqui seria melhor eu teria com quem conversar, seria um ombro a mais para eu poder me encostar e talvez, quem sabe, até chorar...
Concluindo, para mim só existe um tipo de amigo, ou seja, amigo verdadeiro aquele com quem eu conto em todas as situações...
Agora eu quero saber de você que esta lendo esta reflexão: Quantos tipos de amigos existem para você e que tipo de amigo você tem sido para os que estão ao seu redor?
Obs.: Vale ressaltar que estou falando de amizade verdadeira, de amigo de verdade, daquele que você sente falta quando fica sem ver ou sem falar, mesmo tendo conhecido ontem é como se estivesse conhecido a muitos anos, indivíduos que você fica um dia sem falar e parece que esta  a um ano sem noticia.

Dr. Carlos André
Psicanalista clínico


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

DUVIDAS E CERTEZAS... O QUE É MELHOR PARA O SER HUMANO?

Quando alguém é inquirido sobre este conceito, a reposta esta na ponta da língua: Melhores são as certezas. Já outros mais coerentes por sua vez param e ponderam... Questionando a se mesmo: Por que este doutor esta indagando isto, se é obvio que o melhor para o indivíduo é a certeza?

 Quando se tratam das duvidas e certezas; entendemos por duvidas o que é hipotético e por isso não achamos nela à melhor opção. Por sua vez, as certezas são coisas concretas já confirmadas atraindo ampla maioria das pessoas entrevistadas. A pesquisa foi realizada com 100 indivíduos de ambos os sexos. Com os seguintes resultados: Entre os homens 80% optaram por certezas e 20 % preferem as duvidas, entre as mulheres 70% certezas, 10% duvidas, 20% não opinaram.
A pesquisa reflete a vontade de cada individuo em obter sempre as certezas em relação às coisas que são questionáveis na vida de cada um.

A teoria psicanalítica mostra que para o ser humano nem sempre o melhor são as certezas, tendo em vista o fato da necessidade de defesa da mente (Ego) o que chamamos psicanaliticamente de: mecanismo de defesa do Ego. Segundo Freud os mecanismo de defesa são processos inconscientes que permitem à mente encontrar uma solução para conflitos não resolvidos ao nível daquilo que é consciente. Especificamente nesta questão de duvidas ou certezas podemos citar um mecanismo de defesa conhecido como Repressão, que na verdade é afastar ou recalcar da consciência um afeto, uma idéia ou apelo do instinto. Um acontecimento que por algum motivo envergonha ou traz alguma espécie de constrangimento pode ser reprimido para o inconsciente.

Neste quesito encontramos a mente que prefere a certeza, optando por ficar com duvida para se defender de um conflito, exemplos: o indivíduo que foi traído e sabe que independente da certeza, se foi ou não traído ele vai continuar com o parceiro, outra forma de apresentação da repressão em relação a certezas e duvidas se trata da morte de um ente querido que esteja desaparecido; só se chora pela morte e sofre com ela quando a certeza chega através do corpo ai à certeza é tão cruel que era melhor para a mente, que permanecesse a duvida, que traria o consolo de um dia reencontrar a pessoa amada...


Dr. Carlos André
Psicanalista clínico

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

PARA REFLETIR... QUEM É A(O) AMANTE DA ALMA?

Amantes da alma. Às vezes as pessoas, os amigos mais aproximados me inquirem: Por que este título? E eu fico em uma situação complicada para responder, pois eu sei que buscam em mim falhas. Com a pergunta eles querem saber se eu tenho uma amante, ou seja, um relacionamento extraconjugal, tendo em vista, o fato de saberem que sou casado. Rsrsr, o que eles não sabem, talvez  por não terem coragem de perguntar, é que realmente eu tenho, não um relacionamento extraconjugal, mas sou amante da alma, eu me considero amante da alma por que procuro entender as necessidades e anseios dela, me preocupo com ela se hoje ela quer falar eu estou pronto a ouvi-la e ela certamente quer falar, e  eu certamente como amante dela quero ouvi-la. “na verdade tudo o que a alma deseja é ter atenção”... Rsrsr, se ela está triste por qualquer que seja o motivo eu vou até ela por que sou amante da alma vou dar a atenção que ela precisa é sempre assim, mas no caso deste relacionamento que eu estou tentando explicar não existe contato, pois a alma é algo que não é físico. Agora sei que quando esta reflexão for publicada os mais achegados vão perguntar: E você não estava querendo falar de uma mulher..? E eu vou tentar responder, mais uma vez, só que desta vez com uma diferença, lançando mais questões na curiosidade de cada questionador: Eu sou realmente amante dela e de quem eu sou amante, é claro sou amante da alma.  

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

REFLEXÃO...

Na manhã do dia 27 de outubro de 2010, quando dialogava com uma amiga no corredor do gabinete, inquiri a ela: E ai como você esta? Ela respondeu com um sorriso contagiante, com muito júbilo na face e disse: estou muito bem, felicíssima. Com a reação e a resposta eu posso abranger o quanto é espantoso; como aquele sorriso, associado com a resposta poderá contagiar todo o corredor, todos que ouviram a resposta e puderam ver aquele sorriso forram também alcançados por tal exultação.
Concluindo: “O indivíduo com transtorno bipolar consegue contagiar a todos em sua circunferência quando está no período de euforia (alegria), mas o fato de possuir em seu interior traços depressivos, faz com que ele não esteja satisfeito, ou seja, por mais que ele consiga contagiar a outros, ele nunca contagia a si mesmo.” Dr. Carlos André (Psicanalista clínico).

terça-feira, 26 de outubro de 2010

DEPRESSÃO X TRANSTORNO BIPOLAR...

Na maioria dos casos existe muito conflito, por parte dos leigos no que diz respeito ao diagnostico destas patologias. Na verdade são duas patologias distintas que se familiarizam por estarem arroladas com o humor dos indivíduos: De um lado a depressão, que é distinguida por alterações no humor e pela perda de prazer em atividades antes prazerosas. Na outra mão o transtorno bipolar ou distúrbio bipolar tambem conhecido como transtorno de humor caracterizado pela variação extrema do humor entre uma fase maníaca ou hipomaníaca, hiperatividade e grande imaginação, e uma fase de depressão, inibição, lentidão para conceber e realizar idéias, e ansiedade ou tristeza.
A grande diferença entre estas enfermidades está no fato do transtorno bipolar apresentar uma variação do humor enquanto que a depressão apenas a perda de prazer em atividades antes prazerosas e dependendo do estágio a perda da vontade de viver podendo chegar ate ao suicidio.

 Diagnosticando depressão: Na maioria dos casos existe um engano muito grande em relação a indivíduos depressivos, pois se espera de um indivíduo com depresão que ele esteja choroso, emegrecido ou sem ânimo, na verdade o depressivo tem estes sintomas e muito mais. O DSM IV, manual que descreve e classifica os transtornos mentais, exige que cinco ou mais dos seguintes sintomas se apresentem durante o período de 2 semanas, incluindo sempre o humor deprimido ou a perda de interesse ou prazer para que seja diagnosticado o estado depressivo em um indivíduo, são eles:
  • Humor deprimido na maior parte do dia (em crianças e adolescentes pode ser humor irritável).
  • Prazer e interesse diminuídos por qualquer atividade na maior parte do dia.
  • Perda ou ganho de peso sem estar de dieta, com diminuição ou aumento significativo do apetite.
  • Insônia ou excesso de sono quase todos os dias.
  • Agitação ou retardo psicomotor (Inquietação ou lentidão)
  • Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
  • Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada quase todos os dias.
  • Dificuldade de concentração e capacidade diminuída de pensar; ou indecisão quase todos os dias.
  • Pensamentos de morte recorrentes, ideia de suicídio com ou sem plano específico para cometer suicídio.
Diagnosticando transtorno bipolar ou do humor: Os sintomas variam de cada pessoa, os mais comuns são: Tristeza profunda (angustia, depressão) alternados com enorme alegria chegando a gerar euforia, às vezes dá insegurança, às vezes a pessoa se sente bem segura. A segurança do individuo às vezes chega a tanta que ele pode se achar capaz de pilotar até um avião de guerra e a insegurança fazer ele se achar incapaz de atravessar uma avenida.


TRATAMENTO INDICADO: Em ambos os casos O tratamento costuma associar a utilização de medicamentos (psicotrópicos) e a psicoterapia. Os medicamentos na maioria dos casos são responsáveis pela minimização dos sintomas e o controle da angústia e da euforia. A psicoterapia é um processo conduzido por um profissional especializado que serve como tratamento auxiliar e é caracterizada por atendimentos regulares que auxiliam na elaboração da desesperança, da falta de motivação, da auto-estima diminuída e da tristeza, bem como no controle da euforia.

Dr. Carlos André
Psicanalista Clínico

sábado, 9 de outubro de 2010

O QUE É COMPLEXO DE ELECTRA?

A expressão tem origem no complexo definido por Freud, pai da psicanálise, como complexo de Édipo feminino... Já um dos seguidores de Freud o psiquiatra e fundador da psicologia Carl Jung, optou por cognominar o complexo de Édipo feminino, com sendo, complexo de Electra, fundamentando-se na mitologia grega; que descrevia a historia de certa Electra, que possuía um pai com o nome de agamemnon... Esta Electra induziu o irmão a matar sua mãe para que se vingassem da morte do pai. Tendo em vista um sentimento que ele  experimentava pelo pai. Já Freud rejeitou este termo por enfatizar a analogia da atitude entre os dois sexos.
O que seria na verdade em nossos dias o complexo de Electra ou complexo de Édipo feminino?
Nada mais que um anseio que ocorre com a maioria das crianças do sexo feminino em querer dos seus pais mais zelo do que eles destinam para com as suas respectivas genitoras, suscitando com isso certa, altercação pela atenção do ser masculino que esta em foco. Sendo possível esta criança por ter reprimido seus sentimentos no passado, possam querer, ou manter relacionamentos com indivíduos de idade mais avançadas...

Dr. Carlos André
Psicanalista clínico

terça-feira, 5 de outubro de 2010

EROTOMANIA DA PSICOSE A NEUROSE

 
 
EROTOMANIA.

A erotomania por definição é o delírio de ser amado. Ela difere do delírio de ciúme que, digamos assim, seria o delírio de não ser amado. Segundo Miller, querer ser amada, demandar amor, querer provas e, principalmente, falas de amor é uma característica feminina, uma maneira estritamente feminina de se colocar na relação com seu parceiro sexual. A mulher, por não ter seu gozo todo regulado pela função fálica, teria uma relação com outra satisfação, como formula Lacan, ou seja, o gozo com a fala.
Quando a psicanálise nasceu com Freud, no final do século XVIII, a clínica psiquiátrica clássica já havia nascido há mais ou menos um século atrás, através de duas grandes escolas: a francesa e a alemã.
Em 1793, em plena Revolução Francesa, o alienista francês Philippe Pinel, com seu gesto de libertar os internos do hospital Bicêtre, marcou este início. A sua atitude simbolizou que, a partir daquele momento, o doente mental seria considerado não mais como criminoso, “possuído pelo demônio” ou etc, mas como um doente – um doente da razão. Este gesto de Pinel é bastante simbólico porque marca a passagem da Idade das Trevas ao iluminismo, da desrazão à razão. O doente mental sai das mãos da religião, dos curandeiros, da família, e passa às mãos da ciência.
Já a psiquiatria alemã começou, entre 1800 e 1850, num contexto cultural muito diferente do espírito iluminista francês que é o do romantismo. Enquanto o movimento iluminista pregava o racionalismo, o romantismo alemão “defendia, pelo contrário, o aspecto irracional, o sentimento de contato com a natureza, os valores individuais” – a visão de mundo.
Há, então, um período em que a psiquiatria se desenvolveu sem a existência da psicanálise, mas não demoraria muito para esta despontar no horizonte do fim do século XVIII. Foi do encontro de Freud com o psiquiatra francês Jean-Martin Charcot que a psicanálise passou a ser concebida por Freud. Ele, por ser germânico, estava mergulhado no romantismo alemão, mas também entrou em contato com o espírito das Luzes através de Charcot, na França, no Hospital Salpêtrière.
Esta introdução visa localizar alguns antecedentes da psicanálise na psiquiatria, visto que, quando Freud, e, posteriormente, Lacan, falaram da erotomania, alguns psiquiatras já haviam descrito pontos básicos deste delírio.
Erotomania não é, certamente, o único termo usado na psicanálise, que veio da psiquiatria. Mas, mesmo tendo esta origem, ele não terá o mesmo lugar, nem o mesmo uso na psiquiatria e na psicanálise.
Neste trabalho, não pretendo tratar da passagem da psiquiatria à psicanálise, mas sim da extensão da noção de erotomania do campo da psicose para o campo da neurose. Pretendo abordar a especificidade da erotomania feminina na psicose, e, em que este conceito aplica-se à neurose.


A EROTOMANIA NA PSICOSE.
Antes de ser cognominado de erotomania pelo psiquiatra francês Gaëtan Gatian de Clérambault (1872-1934) este delírio foi batizado por, Jean-Etiénne Esquirol de: Delírio de “monomania erótica” ou “a loucura do amor casto” outro nome foi dado pelo também psiquiatra francês Agustín Benedict Morel que preferiu tão somente chamá-lo de: “Delírio de amor”
A erotomania constitui-se, na verdade, no delírio de ser amado. Antoine Porot, em seu dicionário de psiquiatria, afirma que “as alterações mentais sobre as quais se desenvolve o delírio são diversas, mas quase nunca falta à estrutura paranóica deste, e a instabilidade emocional é constante”.
A síndrome erotomaníaca de Clérambault é formada por um Postulado fundamental e três fases. O Postulado fundamental é a certeza que o sujeito erotômano tem em ser amado pelo objeto. O objeto nunca é uma pessoa qualquer, ele é sempre um homem de nível social elevado, alguém que a pessoa idealiza, tal como um médico, um padre, um escritor, um político, ou até mesmo um objeto inacessível, místico, como um santo, por exemplo.
O postulado fundamental implica numa série de idéias e interpretações delirantes da realidade que surgem de modo súbito, preciso, como um a “amor à primeira vista”. Estas idéias delirantes são uma tentativa de sustentar a própria erotomania: idéias de que há uma colaboração universal a favor daquele amor; interpretações incessantes de fatos atuais e antigos a partir da erotomania; ações em direção ao objeto, incluindo viagens e perseguições. Uma vez que o postulado fundamental se instala, ele vai se assemelhar a um episódio emocional de enamoramento, tanto na emoção que sujeito sente, quanto em suas atitudes de apaixonado. Mas, não é igual, pois diferentemente do que acontece com os apaixonados normais, na erotomania há uma intensidade absolutamente desmedida da paixão, além do fato de ela ser apenas uma ilusão.
As três fases compreendem um período otimista e dois períodos pessimistas. O período otimista é a primeira fase, ou seja, a fase da esperança, quando o sujeito se crê amado de forma convicta, inabalável. É a fase do orgulho.
A segunda fase é a do despeito, quando o sujeito tem pelo objeto, ao mesmo tempo, sentimentos de conciliação e de vingança, baseados em seu orgulho ferido, pelo fato do objeto não estar correspondendo ao que o erotômano espera dele.
E a terceira e última fase é a do rancor, ou da reivindicação, quando o sujeito passa a sentir ódio do objeto e a fazer-lhe falsas acusações e ameaças de vingança, assim como a se sentir ameaçado e perseguido pelo objeto - os dois últimos são os períodos pessimistas.

Segundo o psicanalista François Leguil “o ‘postulado’ pelo qual o sujeito se crê amado e se encontra certo disso, será uma das pedras de toque do ensino clínico sobre as psicoses do psicanalista francês” - aqui, Leguil se refere a Jacques Lacan.
Lacan em sua tese de doutorado analisou sistematicamente um caso clínico, conhecido como Caso “Aimée”. Trata-se de um caso de paranóia, mas com um delírio erotomaníaco bem estruturado: “uma erotomania que tem por objeto o príncipe de Gales”. O nome próprio que Lacan deu a esta paciente já é um índice da erotomania: Aimée em português quer dizer “Amada”. Nesse trabalho ele começa a esboçar a idéia de que, na psicose, a erotomania é uma maneira do sujeito psicótico se haver com a questão do real da sexualidade e do amor.
Em seu artigo “Formulações sobre a causalidade psíquica” de 1946, Lacan, após afirmar que Clérambault foi seu “único mestre na observação de doentes”, descreve a fenomenologia da loucura de Aimée em alguns pontos fundamentais, dos os quais é interessante extrair três aspectos para esta pesquisa: 1) a estrutura paranóica da erotomania na psicose, 2) “uma neutralização da categoria sexual, [...] coerente com o platonismo da erotomania clássica”, 3) a transformação do amor à pessoa idealizada em ódio à mesma.
Assim, a erotomania sempre esteve associada à psicose. Mesmo na psicanálise, Freud quando usou essa noção foi sempre para se referir à psicose. Ele nunca utilizou o termo erotomania para falar de neurose. Ele fala da erotomania no caso Schreber e no artigo sobre Gradiva, de Jensen, quando aborda certa erotomania fetichista que o personagem central do livro nutria pelos pés, pela posição dos pés de Gradiva.
Com Lacan não foi muito diferente, ele também usou o termo erotomania para se referir à psicose, a uma forma específica de laço do psicótico com o Outro.
Foi Jacques–Alain Miller quem estendeu a noção de erotomania normal para a neurose, referindo-se a uma forma feminina de relação com o objeto, uma maneira de amar que é característica das mulheres.

 
A EROTOMANIA NA NEUROSE

Por que usar o termo erotomania na neurose? E como pensar este conceito nesta estrutura?
Lacan, no Seminário 20, Mais, ainda, elabora as fórmulas da sexuação, onde ele define a diferença sexual a partir da proposição de que a relação sexual não existe. Nas fórmulas da sexuação ele coloca que existe o lado masculino e o lado feminino da sexuação, o que “permite articular o gozo próprio a cada sexo”.
No lado masculino, o sujeito é todo inscrito, regulado pela lógica fálica. O que coloca o homem numa relação fetichista com o objeto causa de desejo. O objeto a é o parceiro-sintoma do homem, como o indica a fórmula lacaniana do fantasma: $ ◊ a.
No lado feminino, o sujeito é não-todo comandado pela lógica fálica. O que implica dizer que a mulher, diferentemente do homem, possui uma forma de gozo, uma forma de unir o significante ao corpo, ou de encarnar o significante, que não é toda regulada pelo falo, como o é para o homem. Nesse caso, seu objeto é erotomaníaco, ou seja, a mulher quer um objeto que a ame e que fale com ela - de preferência, dela.
É neste ponto que podemos falar que essa vertente não falicizada da feminilidade leva a mulher a estabelecer uma relação mais além do princípio do prazer com o Outro, ou com seu parceiro-sintoma, forma esta que possui um caráter erotomaníaco. O sintoma é a maneira que um sujeito, homem ou mulher, vai encontrar para se ligar a um parceiro. É o que Jacques-Alain Miller explica, em 1998, da seguinte maneira: “o parceiro-sintoma do homem tem a forma de fetiche, enquanto que o parceiro-sintoma feminino tem a forma erotomaníaca”.
 Temos aqui o lugar da erotomania na neurose proposto por Miller. Ela é o parceiro-sintoma da mulher, na medida em que o gozo feminino passa pelo amor e pela fala, pelas palavras de amor. É a outra satisfação, como apresenta Lacan no Seminário 20, que diz respeito ao gozo com a fala.
Na neurose, a erotomania é sintoma de que algo do gozo da mulher precisa ainda ser nomeado para que ela possa ficar menos devastada na sua relação com um parceiro sexual. Não é qualquer parceiro que pode servir de quarto nó para uma mulher. O quarto nó para uma mulher neurótica não é sem relação com “uma separação a mais [que ela precisa realizar] da posição de objeto suplementar ao gozo feminino da outra mulher, isto é, sua mãe”. Então, se o parceiro-sintoma da mulher é a erotomania, o próprio tratamento da erotomania está relacionado ao parceiro sexual que ela possa encontrar, ou seja, à contingência do encontro amoroso. Parceiro este que, ao amá-la e ao falar com ela, lhe permita ter acesso à “outra satisfação”.
Vou tentar ilustrar através de dois exemplos clínicos o que seria erotomania na psicose e na neurose.

 EROTOMANIA EM UMA MULHER PSICÓTICA.
 
Clérambault descreveu este caso em 1920. Mulher de 53 anos, que vem de uma família desunida, cujo pai era alcoólatra. Ela teve dois relacionamentos em sua vida. O primeiro foi com um amante rico e bem colocado, com quem ela viveu por 18 anos. Ele morre e, imediatamente, ela se liga a outro homem, mais jovem do que ela, com quem ela vive por 4 anos, mas de quem também se separa.

Sua erotomania surge a partir do postulado fundamental, que é o seguinte: “o Rei da Inglaterra está apaixonado por mim”. Essa certeza delirante é verificada por uma série de constatações imaginárias, freqüentes nos casos de erotomania. São elas: algumas pessoas e, principalmente oficiais que ela encontra na rua, são mensageiros do homem amado. Por exemplo, num trem, um oficial era emissário do Rei George V. O Rei cruza seu caminho com disfarces os mais variados. Ela não responde às investidas do Rei porque ela não quer compromisso.
A fase da esperança se manifesta, no caso de Lea, por uma expectativa ardente, por uma felicidade que está prestes a se realizar. Essa espera é absolutamente sem fundamento na realidade. O Rei nunca chegava aos encontros marcados. Com as ausências e os desencontros com Sua Majestade, ela começa a se perguntar se não teria se enganado. O que a leva a segunda fase, a do despeito, que serve para explicar a atitude do Rei em não comparecer aos encontros: “O Rei pode ter ódio dela, mas ele não saberia esquecê-la, ele não seria indiferente a ela”. Depois desta fase, vem a fase do rancor, quando o ódio aparece na forma de perseguições do Rei a ela. O Rei retira objetos dela no hotel. Ele quer empobrecê-la. E ela inclusive se pergunta se não está internada por ordem do Rei.
 
EROTOMANIA EM UMA MULHER NEURÓTICA.

Uma pequena observação sobre um caso, a guisa de ilustração do que foi escrito. Uma mulher de 30 anos, Maria, casada com o homem com quem ela sempre quis se casar. O marido era seu “ideal de homem”. Eles tiveram filhos. Ambos eram bem sucedidos profissionalmente. Viviam muito bem. Até que ela conheceu um outro homem no ambiente de trabalho, com quem começou a ter freqüentes e longas conversas. Ele falava com ela. O fato de ele falar com ela fizeram com que, ela acredita-se que ele a amava. Ele falava tanto com ela, que ela começou a crer que ele a amava. Isto foi o suficiente para fazê-la pensar cada vez mais nesse amor imaginário levando-a a questionar seu relacionamento, até então, tão consistente e aceitável.

CONCLUSÃO.
No caso de Lea, o embaraço sexual, a inexistência da relação sexual, é real, como o é para qualquer sujeito. Mas, nesse caso de psicose feminina, a erotomania surge como um modo de localizar o gozo, depois que ele, aparentemente, se deslocalizou com a perda de seus dois parceiros. A erotomania de Lea serve como suplência para a falta de identificação sexual. Para ela, ser erotômana é igual a ser mulher, visto que ela não tem nenhuma outra forma de identificação, de ancoragem no laço com o outro, e, menos ainda, no laço social. Por exemplo: ela não teve filhos, não trabalha, não é artista, não tem nenhuma outra forma de suplência.

Poderíamos dizer que, segundo Lacan no Seminário 23, a erotomania de Lea vem consertar o nó em outro lugar em que se deu a falha. Esta é uma das especificidades da erotomania na psicose: a falha é sexual, mas o conserto não se dá pela via da sexualidade, mas pela relação com o duplo, mesmo que este duplo esteja referido a um delírio erotomaníaco.
A erotomania na psicose, não é necessariamente platônica, mas como nos diz Clérambault: “as exigências sexuais são freqüentemente bem menos marcadas nos sujeitos erotômanos do que no homem são. Existe para isso uma razão profunda: é que o amor não é a fonte principal do delírio erotomaníaco; a fonte principal é o orgulho. O amor é apenas a fonte acessória. Orgulho sexual, certamente, mas orgulho principalmente”.
Já no caso de Maria, a erotomania é sintoma de que algo do seu gozo precisa ainda ser nomeado para que ela possa ficar menos devastada na sua relação com um parceiro sexual. Não é qualquer parceiro que pode servir de quarto nó para uma mulher. E o quarto nó para uma mulher neurótica não é sem relação com “uma separação a mais [que ela precisa realizar] da posição de objeto suplementar ao gozo feminino da outra mulher, isto é, sua mãe”.
Dr. Carlos André